quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Madrinha de Guerra

Não resisti.
Lembrei-me da Associação Nacional Feminina, da televisão dos anos sessenta, das Modas e Bordados, das saias plissadas de terylene, da Bola da Nivea, da Crónica Feminina, dos Corin Tellados, das criadas de servir, vindas da Casa de Santa Zita e que me cheiravam sempre a sopa.
Do colégio de freiras, dos livros lidos às escondidas e outros, do café Montalto na Covilhã, dos espectáculos na Feira Popular, transmitidos pela RTP.
Das boites em casas particulares onde os miúdos ouviam os discos nos gira-discos de então. Do meu, cor de salmão e branco onde ouvia o Calhambeque de Roberto Carlos, em casa da minha avó com o calor a entrar pela janela escancarada da sala de jantar e os miúdos da rua a saltar e a gritar excitados com a surpresa daquele som.
De todos os clichés dos anos sessenta no Portugal antigo e delirante onde existia Madrinhas de Guerra.
E a Madrinha da Tropa, onde a protagonista é a mula?
"BENEDITO Henrique de Paula, o Mestre Ditinho, 85 anos, guarda até hoje o chapéu que usou pela última vez, quando, aos 70, abandonou a lida de tropeiro. Foram 63 anos como mestre-de-tropa. Ainda hoje, quando sela a égua Pombinha para ir à missa em Silveiras, tudo o que pede a Deus é o milagre de poder trabalhar como nos velhos tempos."
Globo Rural

Monchique

A claridade de Monchique espantou-me. Não tenho ideia de ter lá estado, com um dia assim. Os monchiqueiros clamavam na rua pela chuva. Monchique, o penico do Algarve, como é conhecido por estas bandas, clareou o dia com a chama de um sol que desbravou as névoas, que nos fazem perder nos entrançados labirínticos da serra .
Calcorrei as ruas de calçadas antigas com casas à venda e ruínas deliciosas à mercê de quem as vai destruir. Vi casas, traçados originais, com cores flashantes, ou tons envelhecidos. Não gosto de me deter nos interiores, são sempre a contradição dos meus sonhos, sempre.
Subi até às ruínas de um convento de uma Nossa Senhora do Desterro, por caminhos que magoam os pés e nos atiram para a frente; e já que tinhamos subido tanto, um dos homens que se deixava estar por ali, num lugar estratégico, concedeu-nos o privilégio da visita àquele convento em ruínas, completamente decrépito, e a certificação de que o património português é assassinado.
Apercebi-me de que o homem, com ar de clochard e imbecilizado tinha assumido o estatuto de guarda da ruína, agora que lhe servia de abrigo e negócio. Cultivava uma pequena horta, para não gastar dinheiro na vila, e soletrou-nos então, com um ar demente e apressado, os preços dos seus produtos no mercado. Acho que não entendi então a alusão, de lhe comprarmos alguns dos seus temperos e legumes.
Foi uma visita estranha, um pouco pesada.
Deliciei-me mais com a visão dos castanheiros e das nogueiras que me acompanharam na subida.
E ao deparar-me com o largo da igreja, e dar-me com umas casas, com entradas acolhedoras, hortênsias azuis, janelas de madeira com tons de azuis e cinza, a atiraram-me para outros tons; e a igreja, com uma pórtico manuelino, majestoso e inusitado na leitura das cordas em granito que apontam para o exterior, com uma abertura que me impeliu a entrar por aquela porta luminosa. Não levei a máquina, e o que os meus olhos viram por aí, não me leva a reproduzir nenhuma imagem de Monchique.
Guardo-a comigo

Otto Dix

Otto Dix

Alkinoos Ioannidis

terça-feira, 17 de agosto de 2010

S/Título

Fallorca
Não fui capaz de captar o que esta imagem me devolveu.
As cores estão amassadas os traços diluídos nas sombras.....
A imagem não respeita a certeza do traço e do impulso.
Não me recordo se tem título,
tem?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tempo e afecto

O desejo
esplendido e doce
O afecto
O encontro
no corpo
A singularidade
a partilha
O tempo sentido
sem tempo,
só nós e o outro.

sábado, 14 de agosto de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fritz Glarner

Tadoussac

Prash.
Desvanecer a saudade

Asilah

Asilah ,
ofereceu-me a cor num sorriso de mãos abertas.
Recriou verdes e brancos.
Azuis de mar com céus antigos.
E um pátio.
Sonhos vividos no presente,
Com o mar sempre ali.
Amo-te