Tenho um emprego miserável.
Lido com as frustrações das pessoas que todos os dias me procuram para "resolver" os problemas com que esta sociedade os brinda.
Entram de expressão tensa, cheiro ácido e pedras na mão. Depois, com as defesas em baixo, pretensas soluções à vista, momentaneamente aliviados, saem.
E é isto, todos os dias.
Mas fere.
Fere ouvir um homem chorar ao telefone. Fere ver uma mulher com os olhos a saltar, molhados, pedir-me para ligar aos pais para pôr uma pedra naquele assunto. Fere ver uma colega ir trabalhar cheia de antidepressivos porque para a semana vai de férias e não pode deixar os processos para os outros, que ainda resistem, tratarem.
Fere a arrogância, o despautério, a ignorância, a mentira.
Fere.
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