Vi-me no patamar do prédio onde vivi a maior parte da minha vida . Alguém sem rosto, abriu a porta onde costumava viver a porteira, e ao entrar, apercebi-me com alegria que dava para uma praia, areia dourada e mar, poucas pessoas. Fiquei a olhar e a sorver aquele cheiro.
Os moradores sem rosto começaram a juntar-se. Falavam sobre a falta de segurança.
A porta tinha de estar fechada.
Era perigoso.
Virei as costas e corri para a rua.
Lembrei-me de estar em casa, à noite, de ouvir barulho na escada, de ir à porta olhar pelo ralo, e de regressar ao quarto, insegura.
Quando acabei de limpar o quintal, sentei-me debaixo do alpendre e fui invadida pelo cheiro que vem do mar.
Deixei-me estar como sempre faço, antes de entrar em casa e de me esquecer da chave do lado de fora.
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