Não gostei do livro da segunda classe, debotado, baço, traços imprecisos, mensagens pesadas.
Lembro-me de um dos textos, que sempre se colou à memória que guardei daquele dia em Tavira.
Um dia igual aos outros. Corria à roda do jardim e vibrava com a intensidade de quem sabe que_____________acabou de chegar.
No largo onde brincava, a igreja estava com as portas escancaradas e parecia estar tanta gente lá dentro, que não resisti.
Fui afastando as pessoas, abrindo alas por baixo, e o túnel não parecia ter fim, até aparecer a tal "alma caridosa".
Pôs-me ao colo, debruçou-me sobre um pequeno caixão muito branco, onde estava uma menina como eu, mas a dormir cheia de flores e com os lábios azuis muito,
muito escuros.
Senti frio.
_____________a história veio, sem ser esperada.:
- Vês, esta menina é como tu, estava a brincar e caiu para dentro de uma caldeira de cal. Agora é um anjinho.
Lembro-me de continuar agarrada pela "alma caridosa", que insistia em me mostrar que eu e aquela menina éramos iguais. Comecei a balançar o corpo e a mexer as pernas, até conseguir escapar.
Ainda hoje me ocorre o frio
«Descobri, que as letras eram sons que ganhavam vida, nos traços e nas imagens da cartilha maternal João de Deus.»
ResponderEliminarNão sabia que também tinhas andado no Jardim-Escola e lido a «Cartilha Maternal», onde «as letras eram sons que ganhavam vida». Francamente...
Eu nao li a cartilha. Nao sei se tenho pena ou nao mas parece triste e proprio de uma epoca que já nao volta. É estranho como certas coisas se colam a nos e depois parecem nao descolar... um grande beijinho no teu coraçao!
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